sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mallu Magalhães: 'Vivo para a música'


Mallu Magalhães: 'Vivo para a música'Foto: Marcelo Camelo

Raisa Ramos


"Pode falar que eu não ligo, agora, amigo, eu tô em outra", anuncia os primeiros versos da faixa de abertura de Pitanga, mais novo disco da cantora Mallu Magalhães. A música, intitulada "Velha e Louca", funciona como um hino para a artista, que mostra ao público que cresceu, amadureceu e se aceitou como é. O álbum inteiro é uma prova disso: complexo, cheio de detalhes sonoros e letras adultas. Parabéns para a garota de 19 anos que conseguiu desenvolver um trabalho tão bonito, deixando sem argumentos as pessoas que antes a achava sem talento, apenas um produto da internet. Ela é muito mais do que isso. Tranquila, gosta de ficar em casa bordando, pintando e cuidando de seus filhos: as plantas e os gatos que tem no jardim.


Morando já há algum tempo com o namorado-marido Marcelo Camelo, Mallu não se importa com os comentário a respeito de seu relacionamento. Para ela, ambos se dão muito bem, se respeitam e isso basta. Sobre as influências do companheiro em seu trabalho, a paulistana não nega as evidências: "Dá vontade de colocar nos créditos: 'Marcelo e Mallu: Não se sabe o quê'". Não é à toa que o ex-Los Hermanos foi chamado para produzir o disco, que acabou muito parecido com seus trabalhos pessoais. Camelo também fez as fotos de divulgação do Pitanga e contribuiu nas composições das músicas. Para o casal, tudo foi feito de forma muito natural. Tão natural que a pergunta "Por que o Marcelo como produtor?" nem faz sentido para a musicista, como gosta de ser definida.


Pitanga é o primeiro trabalho da Mallu maior de idade. Tem nome da fruta vermelha doce e azeda que colore a rua Simão Alves, localizada no bairro paulistano Pinheiros, onde fica o estúdio El Rocha, que por 55 dias abrigou o disco em fase de criação. A ficha técnica também denuncia a participação de alguns nomes importantes na cena musical, como o produtor Kassin, que colocou guitarras rasgadas na baladinha "Por que você faz assim comigo?", e o nova-iorquino Copan, que assina a co-produção do álbum, substituindo Camelo quando ele estava em viagem. Tanto investimento teve ótimos frutos. E de azeda essa pitanga não tem nada. É doce, assim como Mallu.


Você começou a cantar espontaneamente. Depois do sucesso, chegou a estudar canto ou algum instrumento?
Gosto muito de experimentar novos instrumentos. No Pitanga eu até me arrisquei na bateria, mas no final das contas me atenho mais aos instrumentos mais familiares, os que eu uso mais pra compor, que são o violão, ukelele e piano.


Em uma entrevista recente, o Marcelo Camelo disse que você não quer mais cantar músicas antigas. É verdade? Por quê?
Não é questão de não cantar músicas antigas nunca mais... É que quando criamos um trabalho novo e que colocamos bastante tempo e atenção para realizá-lo, queremos fazer um show focado nele.


Você começou a cantar com 14 anos e hoje tem 19. Essa é uma fase de muitas mudanças de personalidade, de gostos etc. Como você enxerga o seu amadurecimento? O que mais mudou em você, na sua opinião?
Eu cresci, basicamente. E me conheci melhor, em muitos sentidos, tanto como artista, como pessoa, irmã, filha, mulher. Antes eu era muito novinha, ainda tinha que ir pra escola, nem chegava a pensar tanto nessa carreira como uma profissão mesmo, algo pra viver fazendo. Percebi isso quando me conformei que não precisava de uma faculdade pra ter uma profissão, que eu já estava encaminhada no que eu já gostaria de fazer.


E na sua música? Qual a maior mudança?
A música é uma parte de mim. Antes eu não tinha percebido isso. Acho que essa é a maior mudança: vivo dela, pra ela, por ela. E isso me deixa mais próxima aos menores detalhes possíveis, fez com que eu mergulhasse profundamente no fazer, compor, cantar, pensar nas pequenas coisas que formam meu trabalho.


Você está morando com o Marcelo. Sente-se casada? Refere-se a ele como namorado ou marido? E como está essa nova fase de sua vida?
Morar junto com alguém é casar, mesmo que não seja no papel ou na igreja. Nem penso muito nisso de como me refiro a ele, normalmente isso é mais uma indagação que os outros têm. Para mim, tanto faz. E adoro a vida que levamos, aprendo muita coisa com ele como pessoa, músico, homem.


O que você anda escutando ultimamente?
Ella Fitzgerald, Luiz Bonfá, Billie Holliday... Bastante jazz.


Muitas pessoas criticam sua carreira, afirmando que você pegou carona no trabalho do Marcelo, que não tem uma característica própria. Gostaria de saber como você se sente em relação a isso e como costuma lidar com críticas desse tipo.
Aprendi que, com o tempo, as coisas vão ficando mais fáceis de lidar. Sempre vão existir pessoas que serão cruéis, que vão falar coisas más e vão tentar me machucar. Mas já caí e levantei muitas vezes, então a gente se caleja. E no fim das contas, nem liga mais.


O que você faz no dia a dia?
Gosto de pintar, bordar, compor, cuidar das minhas plantinhas, gatos...


E a agenda de shows? Já tem muitas apresentações marcadas?
O Show de lançamento é no Studio RJ, dia 18/11. Ainda estamos ensaiando para passar o Pitanga da melhor maneira possível pro formato de show. Quero ter uma banda compacta para poder sair por aí tocando, então estamos arranjando e arrumando as músicas para caber nesse formato.


Tem algum show memorável? Ou um acontecimento na sua carreira que realmente é inesquecível para você?
A jornada em si tem sido isso pra mim. Gosto de olhar pra trás e ver como as coisas mudaram, como eu mudei, como minha música evoluiu... Cada show representa um momento especial, um dia diferente na minha vida. Em uns eu estava mais feliz, outros menos, mas isso não diminui ou aumenta a importância de nenhum. Aprendi a valorizar todos os passos que dou para conquistar as coisas que quero já consegui e as que eu ainda quero alcançar.


A primeira e última vez que você veio a Goiânia foi um sucesso, mas faz tempo. Está nos planos incluir a cidade na turnê?
Claro! Adoro Goiânia! Estamos planejando uma turnê que passe por muitos e muitos lugares, então a cidade com certeza não ficará de fora.


Fonte

Nenhum comentário:

Postar um comentário