domingo, 13 de dezembro de 2009

Fenômeno musical rejeita estrelato

12 de dezembro de 2009

Aos 17 anos e se dizendo tímida Mallu Magalhães chega ao segundo CD e diz que se estilo "mistura um pouco de tudo"

Ricardo Anísio
repórter

Imagine uma jovem de 16 anos que de repente vê seu CD estourar pela internet e receber tratamento de fenômeno? A primeira coisa que nos vem à mente é que essa jovem possa acusar o peso da responsabilidade. E Mallu Magalhães confessa que não lidou bem com a meteórica ascensão a pop-star. "Aconteceram mudanças em minha vida, minha rotina foi alterada e tive até problema na escola, com meus estudos ficando confusos", disse em entrevista concedida ao jornal A União.

"O convívio social mudou bastante e me confundiu um pouco a cabeça", acrescenta a jovem estrela que é uma grata revelação da música pop com fortes influências do folk de Bob Dylan e outros mestres. "O Dylan é sim uma referência minha e com certeza eu me influencio quando vou compor, mas também gosto de Beatles, de Beach Boys e de música brasileira".

Digo a Mallu que meu disco preferido de Dylan é "Another Sife Of.." e ela vibra ao telefone. "Poxa! Esse também é meu disco de cabeceira dentre os do Bob e acho fantástico. Que bom que você curte esse disco e a obra de Bob Dylan". Lembro a garota que a canção que mais me marca na obra do bardo americano é "Chimes Of Freedom" com o que ela concorda pelo fato da letra ser uma coisa fabulosa, poesia pura.

"Eu me preocupo muito com a coisa das letras, porque não quero fazer música sem deixar uma mensagem, um recado a quem escutar meu disco", acrescenta a jovem estrela pop. "A questão emocional mexeu sim comigo, porque a exposição é grande e eu sou meio bichinho do mato". Questiono como ela pode encarar tanta aparição na mídia sendo introspectiva e ela de pronto diz que "faço uma força grande para não demonstrar, mas me sinto acuada, não gosto mesmo de estar sob os holofotes".

A maioria dos artistas nega que as críticas negativas lhe incomodem, mas a Mallu Magalhães não se faz de rogada. "A crítica negativa me dói muito. Não consigo ficar sossegada e sempre isso me afeta muito". Mesmo assim ela diz que "o jeito é tentar tirar proveito e ver o que realmente eu posso mudar para melhor em minha música".

Além da folk-music as influências de Mallu são realmente compostas de extremos. "Ouvi tudo do Tropicalismo e depois da Bossa Nova até chegar a obra do Chico Buarque e ao Dorival Caymmi. Na verdade eu me afeiçôo pelas músicas sem ter um sistema pré-estabelecido. Talvez isso seja reflexo do fato de tudo me ter pego como um furacão, eu não me preparei para viver essa fase se superexposição. Quem sabe com o tempo...".

Mallu não gosta de eleger as músicas que mais gosta em seus discos. "Quando decido gravar é porque elas me agradam, passaram pelo crivo", diz. Mas depois de alguma insistência ela cita "Compromisso" e "Bee On The Grass", algo assim como "Abelhas na Grama". E ela mesma diz que "os temas de minha música são bem casuais. Às vezes estou de bobeira e algo que eu vejo; um pássaro, uma formiga, de repente podem me levar a compor sobre isso".

Sobre fazer show em João Pessoa Mallu Magalhães desconversa. "Ainda não sei. Essas questões de produção e de turnês eu realmente não me ligo nisso. Mas eu gostaria muito de poder cantar em todas as cidades brasileiras, pelo menos nas capitais".

Malu fica feliz quando digo que meu disco preferido de Bob Dylan é o discutível "Another Side Of...", e brinca dizendo que "até que enfim alguém pensa como eu". Ela acha esse álbum de Dylan "fantástico e tem coisas belas que não figuram entre os seus clássicos". É verdade. Lá está "Chimes Of Freedom", uma das coisas mais belas que a canção popular já recebeu para suas fileiras.

Saiba mais

Influências de Malu Magalhães? "São muitas. Gosto de Rita Lee, Neil Young, Lou Reed, Dylan, Chico Buarque...Na verdade eu gosto de ouvir boa musica, sem importar de que país e nem de que geração". Isso fica claro nesse novo CD onde MM alterna momentos de reggae e outros de folk, isso com a pitada certeira de uma personalidade meio largadona, como se cantar fosse a coisa mais simples do mundo.

MM confessa que "detesta dar entrevistas" e que é tímida. "Olha, você não sabe como eu sofro quando tenho de ir a um programa de TV, fico toda sem jeito. Gosto é de cantar, mas essa coisa de superstar me assusta, não sei se queria ser uma estrela. Prefiro passar meio desapercebida (risos)". Dizer que a carreira de Malu Magalhães foi um acidente seria maldade, porque a jovem compositora e interprete tem sim muito talento, independente de que tipo de música você prefira.



Fonte: Jornal A União

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